O Congresso Brasileiro de Teologia Pastoral, previsto inicialmente para 2020, no contexto das polarizações políticas presentes no mundo e na Igreja, não pôde ser realizado, por causa das restrições da pandemia e do pouco uso da tecnologia da informação por parte de instituições, estudantes e professores/as dedicados à teologia. A temática do congresso atualiza a de 2020 com a seguinte formulação: Discernir a pastoral em tempos de crise: realidade, desafios, tarefas. Como não podia deixar de ser, a questão da pandemia será o grande “sinal dos tempos” a ser pensando teologicamente no congresso. De fato, de muitas maneiras a religião foi utilizada nesse período. O nome de Deus serviu a propósitos díspares, inclusive para respaldar posições ideológicas contrárias à vida. A própria compreensão de Igreja foi afetada, levando muitos a se perguntarem sob que figura ela subsistirá no pós-pandemia. João Batista Libanio, em 2012, na obra Cenários da Igreja num mundo plural e fragmentado, identificava então no Brasil cinco cenários: 1. o da Igreja instituição; 2. o da Igreja carismática; 3. o da Igreja da pregação; 4. o das Comunidades Eclesiais de Base; 5. o da Igreja fragmentada, pós-moderna. O surgimento, nos últimos anos, de grupos tradicionalistas e fundamentalistas, muito ativos na mídia social, indica a irrupção de um novo cenário, que aposta na polarização, manipula o uso da tradição, mas rompe com o Concílio Vaticano II, o magistério do papa Francisco e as orientações da CNBB. Preocupa ainda a persistência, em muitos grupos e movimentos eclesiais, do clericalismo e de estruturas eclesiásticas contrárias às mudanças empreendidas pelo atual Pontífice. Nesse contexto e nesses cenários, permanecem, contudo, as questões: o que é evangelizar? Como ser testemunha da alegria do Evangelho, sobretudo nas periferias existenciais, no cuidado da casa comum, em atitude samaritana? Como participar ativamente do processo de reforma da Igreja ao qual nos chama o papa Francisco?