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17/07/2021 Congresso SOTER Elegia à Ivone Gebara Prêmio João Batista Libanio 2021
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Poema escrito pelo Prof. Roberto Zwetsch para Ivone Gebara, por ocasião do Prêmio Soter João Batista Libanio - 2021.
 
Este poema foi lido pessoalmente a ela, pelo próprio Prof. Roberto, durante o evento que foi realizado no noite do dia 15 de julho.
 
 

Elegia à Ivone Gebara

Prêmio João Batista Libanio

2021

 

Irmã, este canto nasce abrupto

mas é teu, por direito e por justiça.

Tu vens de uma longa tradição

de teimosas filhas de Deus, do Mistério.

No começo foi Miriã e suas mulheres

que cantaram o louvor

de uma vitória de escravos

porque Deus – o Mistério – precipitara no mar

o cavalo e seu cavaleiro.

 

Então vieram outras, muitas outras

mulheres guerreiras,

mulheres anônimas gerando filhos, filhas e resistências.

Mulheres firmes e altaneiras

liderando o povo de Deus – o Mistério.

Tu fazes parte desta tradição de fé!

Honra tuas avós, tuas tias, tua mãe,

as sábias de outros tempos,

aquelas que não se deixaram

dominar pelo medo ou prepotência.

Mulheres como Rute e Noemi,

Débora, Bate Seba, Ester,

Judite, Tamar e mesmo as estrangeiras

que tanto bem fizeram ao povo de Israel.

 

Irmã, acerta o passo e reverencia a memória de Maria,

Madalena, Suzana, a profetiza Ana, Lídia e suas tecelãs,

Priscila, Evódia, Júnia, sem esquecer a escrava Rode.

Sê a testemunha do Evangelho

da liberdade maior,

do amor encarnado num canto,

no gesto da cruz e da solidariedade

de um Deus – Mistério – que não julgou

ser menos que um servo de todas as pessoas

e  nos deu na sua entrega da vida

a vida inteira e um novo porvir.

 

Ah, irmã que ontem e hoje te lanças

corajosa e relutante

no campo da lida e da luta,

desejo que saibas anunciar um novo mundo

e com franqueza e ternura

reunir num mesmo barco pescadores, poetisas,

homens feitos e mulheres,

crianças, jovens e sábias,

dispostas a encarar de frente

o novo éon que já ensaia

vilanias e tristezas.

 

Mas quando a tristeza da lida

te assaltar na noite fria,

recorda-te que antes de ti

muitas sonharam por ti

e deram suas vidas pra que o sonho

do teu Deus e nosso Deus – Mistério –

não fosse apenas um sonho,

mas um banquete e uma ceia

para a qual todas as pessoas são convidadas,

particularmente, as mais pequeninas.

 

Irmã,  que o Vento Novo de Deus

preencha teus sonhos de amor,

teus gritos de liberdade,

tua gana de servir e mudar,

nossa fome de esperança.

Louvado seja o Criador – o Mistério da Vida –

que te fez mulher, amiga e amante,

estudiosa e servidora de um reino

que não tem limites.

 

Oh, sábia teóloga ingente,

junta-te a tuas irmãs de nossas comunidades.

Com elas serás um sinal – uma provocação

de uma nova humanidade.

Percebes o quanto esperamos de ti?

Teu futuro já se anuncia

em pequenos mas precisos passos.

Louvo a ti e tuas parceiras

com um misto de paixão, inveja e sedução.

Peço-te, por fim e confiante:

Tem paciência com teus pares

dessa outra de nós dois:

a crucial e terrena Teologia!

 

Roberto E. Zwetsch

15/07.2021

 

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