Nós, entidades signatárias do Pacto pela Vida e pelo Brasil, sob o peso da dor e com
sentido de máxima urgência, voltamos a nos dirigir à sociedade brasileira, diante do
agravamento da pandemia e das suas consequências. Nossa primeira palavra é de
solidariedade às famílias que perderam seus entes queridos.
Não há tempo a perder, negacionismo mata. O vírus circula de norte a sul do Brasil,
replicando cepas, afetando diferentes grupos etários, castigando os mais vulneráveis.
Doentes morrem agonizando por falta de recursos hospitalares. O Sistema Único de
Saúde – SUS continua salvando vidas. No entanto, os profissionais da saúde, após um
ano na linha de frente, estão à beira da exaustão. A eles, nosso reconhecimento.
É hora de estancar a escalada da morte! A população brasileira necessita de vacina
agora. O vírus não será dissipado com obscurantismos, discursos raivosos ou frases
ofensivas. Basta de insensatez e irresponsabilidade. Além de vacina já e para todos, o
Brasil precisa urgentemente que o Ministério da Saúde cumpra o seu papel, sendo
indutor eficaz das políticas de saúde em nível nacional, garantindo acesso rápido aos
medicamentos e testes validados pela ciência, a rastreabilidade permanente do vírus e
um mínimo de serenidade ao povo.
A ineficiência do Governo Federal, primeiro responsável pela tragédia que vivemos, é
notória. Governadores e prefeitos não podem assumir o papel de cúmplices no desprezo
pela vida. Assim, apoiamos seus esforços para garantir o cumprimento do rol de
medidas sanitárias de proteção, paralelamente à imunização rápida e consistente da
população. Que governadores e prefeitos ajam com olhos não só voltados para os seus
estados e municípios, mas para o país, através de um grande pacto. Somos um só Brasil.
Ao Congresso Nacional, instamos que dê máxima prioridade a matérias relacionadas ao
enfrentamento da COVID-19, uma vez que preservar vidas é o que há de mais urgente.
Nesse sentido, o auxílio emergencial digno, e pelo tempo que for necessário, será
imprescindível para salvar vidas e dinamizar a economia. Ao Poder Judiciário, sob a
liderança do Supremo Tribunal Federal, pedimos que zele pelos direitos da cidadania e
pela harmonia entre os entes federativos. Que a imprensa atue livre e vigorosamente,
de forma ética, cumprindo sua missão de transmitir informações confiáveis e com base
científica, sobre o que se passa. Enfim, que a voz das instituições soe muito firme na
defesa do povo brasileiro!
Fazemos ainda um apelo particular à juventude. O vírus está infectando e matando os
mais jovens e saudáveis, valendo-se deles como vetores de transmissão. Que a
juventude brasileira assuma o seu protagonismo histórico na defesa da vida e do país,
desconstruindo o negacionismo que agencia a morte.
Sabemos que a travessia é desafiadora, a oportunidade de reconstrução da sociedade
brasileira é única e a esperança é a luz que nos guiará rumo a um novo tempo.
Quarta-feira, 10 de março de 2021.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil - CNBB
Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB
José Carlos Dias, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo
Evaristo Arns - Comissão Arns
Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências - ABC
Paulo Jeronimo de Sousa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa - ABI
Ildeu de Castro Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
– SBPC